Humor: A depilação feminina

– Tira tudo, fica lindo!

Foi assim que decidi por livre vontade, (mentira, não tive coragem de dizer não, não queria parecer menininha, cheia de mi mi mi), depilar a virilha. (era pra ser a porra da virilha, como se fosse vantagem).

Me falaram que eu iria sentir mais leve uns 10 kg. Acreditei. Na verdade a culpa é minha, falei que tinha que depilar as pernas e tal e minha amiguíssima soltou:



– Eu conheço um lugar maravilhoso. Faço tudo lá. Vou marcar pra você. 

Ótimo, lá fui eu animadinha. Vamos chama-la de Margô (pseudônimo da terrorista), a depiladora. Chegando lá fui para uma salinha secreta, cortinas fechadas. 



– Deita querida, disse Margô e virou-se mexer em algo que saía fumaça. Logo pensei: Meu Deus! Ela vai me queimar toda, deve ser um tipo de serial killer, pensei em fingir um infarto, sair correndo, sei-lá. Não deu tempo de ter nenhuma reação espontânea de medo e já Margô virou-se e falou: 

– Abaixe a calcinha (coloquei a melhor, como se fosse pra lua de mel) . 


Abaixe a calciiinha???!!! Como alguém fala isso sem antes pegar no peitinho?

– Pode abrir as pernas. 

Ela viu que demorei uma fração de segundos para seguir a orientação (eu ainda pensava na parte dos peitinhos) e logo concluiu

– Assim querida, junta os pezinhos, faz borboleta e estica uma perna só. 

Obedeci, como um boi indo para o abate. Ela puxou minha calcinha deixando metade da Amandita de fora, nome carinhoso da minha vagina, inventei isso agora pra parecer menos terrível. Tudo aquilo parecia um filme de terror. Parecia não, muito breve eu iria descobrir que era.

– Cavada??? 

Pensei: Faça do jeito que quiser sua desgraçada! No entanto sorri e disse: Sim!

– Vou fazer bem cavadinha, vai ficar linda. Disse Margô!

Eu apenas sorria. Como se fosse experiente no assunto.

Ela passou uma camada de cera quente. Que sensação deliciosa. Pensei que havia me enganado sobre tudo e mal consegui terminar o pensamento agradável veio o puxão. Foi rápido e fatal. Não gritei, não xinguei. Fechei os olhos. Pensei que havia perdido meu clitóris junto com os pentelhos. Achei que toda pele do meu corpo tivesse saído e que apenas minha ossada tivesse sobrado na maca. Não abri os olhos pensando que tivesse jorrando sangue pelo teto. Quando abri um canto de olho, olhei em direção a minha bolsa, na procura do meu cartão do plano de saúde. Com certeza precisaria de um resgate. Não deu, olhei pra ela com aquela cara super natural de alguém que entendia tudo o que estava acontecendo.

Margô perguntou se estava tudo bem, pois me viu roxa, eu havia esquecido de respirar. Eu disse que sim, ela sorriu de canto. Agora veio a confirmação era realmente uma serial killer. A sessão tortura, tipo jogos mortais, continuou. Um puxão atrás do outro e a sua mãe talvez já estivesse morta com tanto palavrão que pensei em direção a ela. A culpa realmente era da mãe dela, colocou no mundo esta assassina de vaginas, arrancava o couro das pessoas com um sorriso no canto dos lábios. Ela não estava satisfeita com meu sofrimento e disse

– Mais duas puxadas e tira tudo

Eu deveria estar hipnotizada ou talvez ela tivesse me drogado. 

– Pode tirar, eu disse. 

Foram dois segundos de choque extremo. Pronto, antes de voltar atrás ela á havia jogado mais cera eeeee.... Sua desgraçada, filha de uma rapariga, vou mandar te matar, foi o que pensei.

Nisso entra outra depiladora, olha para Amandita e diz

– Nossa!!! Tá linda esta depilação. 

Margô, a desgraçada, como se não bastasse tudo o que ela estava me fazendo passando continua 

– Menina, tá cheio de pelo encravado aqui.

As duas se abaixam, Amandita sentiu a respiração das duas. Fechei os olhos e fiz uma reza das mais fortes, Deus por favor me tira daqui! Me tele transporte pra marte. Só voltei quando ouvi a palavra pinça. Começou mais um pouco a tortura medieval. Bom, naquela altura já não sentia mais nada. Mentira!!! Senti cada puxada, cada pelinho implorava pela sua vida. 

O pior ainda estava por vir.

– Pode virar! 

Como assim pode virar, pensei, virar pra onde???

- Hein? 

- Sim virar, fazer a parte cavada. 

Não podia ficar pior.

- Segura tua bunda aqui.

- Hein?

- Segura um lado, pra afastar do outro. 

Obedeci.

Não podia ver o que a Margô via, ela estava de cara pra ele. O olho do mundo, onde não bate o sol. Quantos tinham visto isso? Nem meu ginecologista. Consegui falar: 

– Agora vai doer de verdade. 

– É o que menos dói, querida. Disse a filha da puta

Eu queria gritar, chorar, socar a cara dela, peidar na cara dela. Tá aí uma boa ideia! Faria ela ter pesadelos, iria envenena-la. Me imaginei peidando na cara dela e ela virando tonta e caindo dura, com o peido fatal mega venenoso. Voltei pra realidade quando senti a falsa sensação de prazer, a cera quentinha aconchegando meu botão, meu Twin Dotz (vou batiza-lo com um nome carinhoso, se ele sobreviver). Não sabia se sentia medo ou vergonha. Com certeza ela deveria ver muitos ânus por dia, mas isso não aliviava minha situação. Ela nem lembraria do meu. Não deu tempo de continuar meu pensamento, ela puxou. Com certeza não sobrou nem uma preguinha pra contar história. Quando ela disse:

– Ergue um pouquinho mais. 

Pensei: Mas por que essa filha da puta, não arrancou tudo de uma vez. Agora era a hora de peidar na cara dela, ou de procurar um canivete e esfaquear essa vadia, ou pior, tirar pelo por pelo, pois com certeza ela não se depila, por isso sente tanto prazer na dor alheia. Tinha a sensação que ela queria gargalhar.

– Por que não termina essa merda de uma vez, juro que você está morta se eu sobreviver. Era o que eu conseguia pensar.

Apenas uma lágrima queria escorrer. Mas pra que mesmo estou fazendo essa porra? Quem vai ver a Tobinha tão de perto desse jeito? Só a Margô mesmo, Talvez a pedisse em casamento por tanta intimidade. Ela deve ter lido meus pensamentos

– Amor, está linda, pode namorar bastante agora. Quer que eu passe um talco?

NAMORAR? PASSAR UM TALCO??? Eu estava com sede de vingança!!! Quero ver gente morta. Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso. Mas eu queria matar o mundo. Assassinos nascem de uma simples depilação. Simples o caralho! Eu Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso. Queria fazer passeatas, criar uma lei antidepilação cavada e outra contra antidepilação total. Com direito a pena de morte.

Mudei o nome da minha vagina pra Margô.

Bem, esta foi a minha primeira depilação e, a partir daí, fiz outras e outras. A Gente acostuma, MENTIRAAAAAAAA!!! Eu ainda quero matar a Margô. Um dia essa filha da puta amanhece com a boca cheia de formiga. Eu ainda vou depilar um saco.

Beijos pessoal