Faz um ano

Faz mais de um ano que eu sonho com você. 
Sonhei novamente esses dias. Foi bom. Foi tranquilo. Me trouxe carinho. 
Curioso demais o que acontece com meus sentimentos. 
Faz algumas semanas que não conversamos. Na última conversa você realmente me tratou com o maior desprezo que possa existir. Deixou claro que a nossa amizade não tinha importância pra você. Por algum momento eu pensei o quanto eu estava sendo imatura. Pensava em amor, em paixão, em tesão e você não me considerava nem sua amiga. Sim eu ri de mim! 
Fiquei pensando se o que passa na minha cabeça é a paixão dos filmes, romântica, sem explicação, sem precisar conhecer, aquela paixão doida por alguém que a gente nem conhece direito. Aquela paixão que a gente inventa na cabeça da gente. Tentei achar explicação no além, na ideia de estar ‘escrito’. Qualquer uma das ideias parece loucura. É loucura sim. Tenho ciência. Mas é real! Por que eu sinto tudo isso. Uma pequena lembrança de quase um ano atrás de qualquer sinalização de interesse me faz parar e tentar lembrar um pouco mais ou talvez criar uma história que não seja real. Não sei! Só sei que quando sentei do seu lado algo despertou em mim. Seu jeito de falar. As suas mãos. Eu só queria estar perto de você. O tempo todo. Esperava você chegar no trabalho e era como a hora legal do dia. A gente ria. Trocávamos músicas, eu escutava você. Sua opinião era importante pra tudo. Eu realmente queria estar perto. A gente tão diferente!!! Você quietinho, tímido e eu o oposto. Será mesmo que éramos tão diferentes!? Bobagem isso. A gente se provocava o dia inteiro, provocação de irmão. Eu inventava implicâncias e vc fazia o mesmo. Éramos os colegas divertidos. E eu queria estar perto. Comecei a tocar suas mãos com a desculpa de passar creme. Mas eu queria tocar em você. No seu aniversário eu mandei uma mensagem no final do dia e lembro que falei que você era o tipo de pessoa que a gente quer ficar perto o dia inteirinho. Você riu e agradeceu as palavras generosas. No dia seguinte, ao ir embora, nós nos abraçamos rapidinho e as nossas mãos se tocaram por mais tempo. Logo ao ficar sozinha eu mandei a mensagem perguntando o que eu faria com essa vontade de ficar perto!? Vc disse pra esperar até o dia seguinte. Eu esperei! Esperei todos os dias! Queria todos os dias ficar perto. E por incrível que pareça eu quero até hoje. Quase dois anos se passaram. 
Tenho medo de estar louca obcecada. Rsrsrs. 
Vc me disse que não podia. Que eu era casada. Sim. Vc não disse não quero, não me interessa ou algo assim. E não vou entrar no mérito de certo e errado. 
Naquele natal vc viajou e como mágica vivemos um mês de entregas e sentimentos. Várias vezes você disse que pensava em mim, mandou várias canções com sentimentos. Mandava tua rotina de férias diariamente. Conversávamos sobre tudo ou quase tudo. Fotos, opiniões. Sedução, cumplicidade. Você dizia estar com saudades. Daqui a pouco seria fevereiro e você voltaria. Eu estava entregue, apaixonada. Imaginava você me apresentando orgulhosamente a sua família. Me imagina refazendo essas férias com você. Fevereiro chegou, você voltou, nos abraçamos demoradamente. Eu entrei na sua casa. Nos abraçamos e nos beijamos. Não fizemos amor. E acabou! 
Você voltou ao trabalho e tudo acabou. Não tivemos uma conversa, tentei... queria saber o que pensava. Não arranquei mais nada de você. Desse dia e até hoje nunca mais você me falou algo de fato concreto. E por isso penso que inventei tudo na minha cabeça. Chorei algumas vezes. Queria saber se era recíproco, se tinha sido. Se não seria mais. Precisava das palavras. Precisava muito. Mas não vieram. As palavras não vieram. Você me mandou canções. É isso me confundia muito. Será que eu estava interpretando errado!?? Tô alimentando algo que não existe!?? 
Mais de uma vez eu acreditei de verdade que estava brincando comigo. Outras vezes eu julguei que o que eu sentia era carinho de amigo. Sim. Tinha muito carinho. Eu nunca soube se você sentia um mínimo perto disso. Eu nunca soube se vc sentia qualquer coisa. Eu acho que nunca vou saber. Eu ainda derrubo lágrimas ao escrever, mas entendo que não posso fazer nada. Eu deixei claro, muito claro, o sentimento que eu tinha. Falei do carinho que sentia, falei do tesão, da vontade de ficar perto. Aquela mesma vontade de tempos atrás. As vezes eu me perguntava qual era o seu problema. Só pode ter um problema, ou você brinca demais, ou realmente o interesse foi levemente momentâneo lá atrás ou simplesmente não sou interessante pra você. As vezes eu pensava que tinha medo de mim, que me achava muito pra você. Outras vezes eu achava que teria vergonha de mim, de quem eu era, da mulher que me tornei. Cheguei a pensar que você tinha traumas, familiares, de relacionamentos, sei lá. Tinha que ter uma explicação pra você não me querer ou pra querer e não acontecer intensamente. Eu pensava como poderia um homem tão profundo nos conhecimentos de interesse, nas canções que decifrava, na vida, não se posicionar de fato entre querer ou não. 
Nunca saberei nada disso. Escrevi isso aqui por que não consegui falar pra você e pra ninguém. Se foi tudo invenção da minha cabeça eu também não tenho certeza. Hoje tenho 38 anos e a outra vê que eu senti isso, tudo isso misturado eu tinha acho que 14 anos. 
Hoje estou doente e tenho medo, nem tanto medo assim, de partir desse mundo. E sabe o que eu penso!? Que queria abraçá-lo carinhosamente e demoradamente e dizer adeus. Queria dizer o quanto te admiro apenas por existir do jeito que é. Se tudo isso foi invenção minha eu não posso ter certeza. 

Inventei essa ilusão pra continuar

Ele é apaixonado por uma mulher que ele considera muito poderosa, muito acima dele. Linda, culta e casada. Diz ele, que essa mulher encanta onde pisa. Seduz homens! Crianças se encantam. Inteligentíssima para os negócios. Ele, o carinha dentro do padrão. Ela, excêntrica! Ela é muito louca por ele.  Ela se declarou várias vezes e falou coisas que sente por ele, admiração, desejo, tesão, ternura... Ele não sabia que poderia escutar isso na vida. As vezes ele se pergunta: Essa mulher é louca!? O que quer comigo!? Tem um marido fantástico. Uma vida plena? Ele nunca deixou ela passar de um beijo. Mas dava deixas que faziam ela perceber que não estava gostando sozinha. As músicas que mandava pra ela a faziam acreditar na profundeza do seu ser. Ele se considera um alienígena deslocado nesse planeta. Ele a considera uma alienígena por gostar tanto dele. Ela se separou e se mostrou disponível pra ele. Bastava ele se jogar. Se entregar por inteiro. Ele tem medo da energia dela. E não se jogou, ainda.